Friday, August 1, 2008

Como é ser mãe na América


Toda mãe sonha em dar o melhor para o filho. Quando se planeja uma gravidez, o local onde a criança irá crescer é um dos pontos mais importantes decididos pelo casal. Nesta edição, duas brasileiras que vivem nos EUA contam como é criar os filhos longe de casa.
A jornalista Tatiana Moreno, de 30 anos, teve o seu primeiro filho há 1 ano e meio. Quando engravidou de Marcelo, o que ela mais sentiu foi falta do carinho da família. Embora estivesse feliz por ter escolhido um país de primeiro mundo para o nascimento do filho. “Tenho muito orgulho de ter tido meu bebê aqui. Apesar dele crescer sem a presença da maioria dos parentes, tenho certeza de que ele vai me agradecer pelas oportunidades que ele terá aqui. Ele vai frequentar escolas melhores, terá bom emprego e melhor qualidade de vida. Hoje não sei se teria filhos se ainda morasse no Brasil”, revela a jornalista.
Segundo Tatiana, que mora atualmente em Jersey City, o lado ruim da moeda é viver distante da família que é muito unida. Para amenizar a saudade, ela conversa com Marcelo em português, mostra gibis da Turma da Mônica e leva o pequeno para visitar o Brasil pelo menos uma vez por ano. Ela fala também sobre a diferença de preço que encontrou para montar o enxoval. Conta que aqui tudo é mais barato e que gastou menos de mil dólares para encher o quarto do bebê. Tatiana lembra do produto que encontrou com a maior diferença de preço. “Minha irmã presenteou o Marcelo com um briquedo super legal. Ela pagou 200 reais no Brasil. Aqui, eu encontrei o mesmo brinquedo por 10 dólares”, disse ela.
O parto foi tranquilo, os médicos apesar de frios são competentes. A gente só precisa saber lidar com eles. Geralmente eles bem ocupados e vão direto ao assunto. Eles conversam e explicam as coisas, mas sem muito envolvimento. Nós brasileiros estranhamos porque não estamos habituados com isso, mas logo a gente acaba se acostumando com o jeito deles”, finaliza a jornalista.
Já Flávia Orlandi, de 35 anos, que mora em Nova york há 10, explica como foi ter a sua filha na terra do Tio Sam. Diferente de Tatiana, Flávia conta que a experiência dela não foi tão boa. E diz que se puder, terá o segundo filho no Brasil. “Tenho outras amigas que tiveram experiências ruins aqui e resolveram ter o segundo filho no Brasil. Aqui a médica não me deixou ficar em pé, o que é muito melhor porque a gravidade ajuda o bebê a descer. Por isso, demorei para dilatar e como eu não queria anestesia, fiquei sentindo dor por mais de 4 horas. No fim ela ainda me assustou dizendo que iam durar mais umas 6 horas. Depois disso, desisti e pedi anestesia. Como me deram uma dosagem muito alta eu não tive força para empurrar o bebê. E por isso a Camila nasceu com dificuldade de respirar e ficou três dias na U.T.I.. Eu e o meu marido achamos que fizeram isso por dinheiro, porque quando perguntávamos, ninguém dizia qual era o motivo dela estar lá. Era apenas por observação”, revela a brasileira.
O nome da filha foi escolhido por ser fácil de pronunciar nos EUA e também no Brasil. Camila hoje tem 1 ano e 4 meses e adora brincar no gramado de casa. “Se eu tivesse um emprego estável e me sentisse segura nas ruas do Brasil, eu não estaria aqui. Mas é aqui que está o meu marido e o meu trabalho. Mesmo assim, eu pretendo fazer ter o segundo filho no Brasil. Procurarei um médico brasileiro, ou uma parteira para ter meu filho em casa.
A insatisfação mais ouvida entre os brasileiros que vivem nos EUA é a frieza dos americanos. E reclamam que os médicos daqui não são tão carinhosos quanto no Brasil. “Talvez porque aqui tudo é baseado no dinheiro eles atendem com pressa. As dúvidas são difíceis de serem esclarecidas por causa da língua, que é diferente. Mas pelo menos a medicina aqui é bem avançada e os exames disponíveis são de alto nível”, diz Flávia.
Depois de tantas decepções, Flávia pensa que talvez criar a filha no Brasil seria uma boa opção. “Eu e meu marido estamos discutindo isso constantemente. Eu tenho medo de criar minha filha aqui e ela começar a pensar como esses americanos que acham que os EUA são centro do universo. Tenho receio das coisas que já ouvi aqui. Certa vez, escutei uma professora dizer que só quem precisa aprender geografia são os militares”, explica ela. Outro ponto que amedronta a brasileira são as drogas. “Não quero que minha filha use as drogas. E isso aqui é tão fácil de achar. Maconha aqui é rito de passagem. As pessoas não se incomodam. Tenho muito medo do ecstasy também”, revela.
Mas ao mesmo tempo que teme, ela reconhece que a vida aqui é muito mais segura que no Brasil. “Gosto da segurança que tenho aqui. Fico tranquila, não tenho medo de deixar a minha filha correr na rua. Quando , vou para o parque brincar com ela é tudo sempre muito limpinho e arrumadinho”, enfatiza. E quando perguntamos sobre a possibilidade em voltar para terra Natal, a mãe de Camila diz que por enquanto pretende ficar por aqui já que a economia do mundo gira em torno dos EUA. E ressalta as diferenças do lugar que escolheu para morar. “As pessoas tendem a achar que os EUA são a resposta pra tudo, mas no fundo qualquer lugar do mundo tem suas vantagens e desvantagens. Agradeço a Deus por viver aqui. Cheguei com quase nada e hoje tenho uma casa linda, com um jardim gostoso onde a minha filha pode brincar. Mas se eu estivesse no Brasil, eu teria outras coisas como o calor humano do brasileiro e a presença da família. Acho que isso e o que mais me faz falta, por isso quero que minha filha conheça a nossa cultura e saiba como nosso povo é abençoado”, conclui Flávia.

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