Tuesday, August 19, 2008

O dor de não ter o Green Card

Para os brasileiros que vivem nos EUA, o que dói mais quando um parente morre é não conseguir voltar para o Brasil. A angústia de ter que decidir entre dar o último adeus correndo o risco de não poder mais voltar, ou ficar por aqui e sofrer ainda mais por causa da distância.
Elias Pereira Júnior, de 41 anos, mora há 3 anos em Nova York e, durante esse período passou por uma situação muito difícil. O brasileiro soube do falecimento da mãe por meio de um site de relacionamento. O sobrinho deixou um recado pedindo para que ele ligasse urgente. Quando ligou, Elias descobriu que a sua mãe havia falecido. “Foi como se eu tivesse vivendo um pesadelo. Eu não conseguia acreditar. Não desejo isso para o meu pior inimigo. Foi o pior dia da minha vida”, revelou o brasileiro.
Ele explica que não viajou para o Brasil porque não daria tempo de chegar para assistir o velório, muito menos o sepultamento. “Dificilmente eu conseguiria uma passagem para data. E os meus irmãos me incentivaram a ficar aqui porque a minha ida não iria trazer a minha mãe de volta. Sinto muito por não ter chorado ao lado da minha família, mas acredito que todos entenderam, pelo menos o meu pai e os meus irmãos que são as pessoas que mais importam”, disse.
Os parentes de Elias preocupados em confortá-lo da melhor maneira possível, colocaram um telão no local do velório onde ele podia ver tudo em tempo real. “Apesar de ser uma cerimônia triste, eu me senti tranquilo por causa das mensagens dos pastores e dos amigos presentes. Eu conseguia ver e ouvir tudo que se passava. As pessoas podiam me ver e saber que eu estava presente de alguma forma”, relembrou Elias. O enterro foi acompanhado por meio do celular do irmão. “Fiquei ao telefone com ele o tempo todo. E quando tudo chegou ao fim, sinceramente me senti mais calmo e com mais tranquilidade”.
Graças à tecnologia, Elias pôde se sentir mais próximo dos parentes. Ele ameniza a saudade da irmã que mora na Itália e dos outros 5 irmãos que ficaram no Brasil pela internet. “Com webcam e áudio ligados, nós ficamos mais unidos. Matamos um pouco as saudades um do outro. Por causa dessa facilidade, conseguimos colocar as notícias em dia em minutos”, conta Elias.
Ele conta que se pudesse voltar no tempo e soubesse que a mãe dele iria embora tão cedo, ele teria ficado no Brasil. “Gostaria de ter passado os últimos anos ao lado da minha mãe. Fazendo ela ainda mais feliz do que era. Para as pessoas que ainda tem os pais vivos, quero dizer que valorizem e amem os seus pais e mães cada dia mais. Um dia eles se vão e pode ser que você não tenha tempo de se despedir como eu. Mas graças a Deus tive o pivilégio de dizer a ela que a amava muito. Como digo ao meu pai até hoje”, afirma o brasileiro. Ele relembra que teve tempo de homenagear a mãe com uma música que compôs para ela. Em recentemente, Elias foi pai e não podia escolher nome melhor para a sua primeira filha. O brasileiro colocou o mesmo nome da mãe: Diva.

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