Saturday, August 30, 2008

Brasileiros em NY, paixão a primeira visita

Morar fora do Brasil é um dos desejos mais freqüentes entre a maioria dos jovens brasileiros. Conhecer uma nova cultura, aprender ou aperfeiçoar uma segunda língua é fundamental para garantir o sucesso na carreira.
A alagoana Rosa Carolina, de 30 anos decidiu trocar o carro que ganharia quando passou no vestibular, por uma viagem à Nova York. Morando nos EUA há 10 anos, ela conta que o objetivo era passar apenas um mês por aqui, mas que a paixão pelo país foi inevitável. “Eu queria ficar muito tempo morando em Nova York para aparfeiçoar o meu inglês, mas só consegui convencer os meus pais a me deixar ficar por um mês”. Mas os 30 dias acabaram se alogando mais do que o esperado e já são dez anos morando na terra do tio Sam.
Segundo a brasileira, aqui a sua personalidade caiu como uma luva. “Lá as pessoas me achavam impaciente, apressadinha. Aqui, eu me encaixei muito bem com o ritmo da cidade. Gosto da organização e admiro o sistema que funciona para todo mundo da mesma maneira. Nesse país todos têm a chance de vencer na vida, só é preciso não ter medo de trabalhar”, afirma Rosa Carolina. Ela relembra com orgulho como conseguiu a independência financeira na América. “É gratificante pagar tudo com o suor do meu trabalho. A faculdade que cursei em Nova York fui eu quem paguei. Realizei muitos sonhos como conhecer a França, Itália, Califórnia e Las Vegas. A sensação de paz é indescritível quando chega o fim do mês e facilmente consigo pagar o aluguel do apartamento, conta de celular, cartão de crédito, ir a shows e ainda colocar dinheiro na poupança. Aqui eu sou feliz, realizada. Encontrei o meu lugar no mundo”, revela Rosa.
Ao falar sobre o Brasil, o coração aperta de saudades da família, mas ela fala com convicção que apesar de morar longe das pessoas que ama, não pretende voltar a morar no lugar onde nasceu. “Tenho certeza que não conseguiria viver no Brasil novamente. Depois do meu primeiro ano aqui, passei seis meses lá. A falta de perspectiva massacrava o meu coração. Eu olhava pela janela do apartamento em Maceió, via aquele mar lindo, sentia a brisa no rosto, os abraços da minha mãe, era uma combinação perfeita, mas eu sentia que estava faltando algo. Era difícil para mim. Eu não sabia mais o que fazer para amenizar a angústia que sentia. Eu sabia que o meu destino não era ali. Hoje a tecnologia ajuda a acalmar meu coração. Ligo a webcam e vejo os meus sobrinhos cantando uma música nova que aprenderam na escola por exemplo. Escuto a risada gostosa da minha avó e ainda peço opinião da minha mãe sobre qual roupa devo usar. Dessa forma, apesar de longe, eles estão sempre muito perto de mim ”, desabafa.
Lilian Moreira, de 28 anos, também não conseguiu fugir do destino. A idéia era passar apenas um ano em Nova York para aperfeiçoar o inglês, e em seguida passar um tempo na Inglaterra. Mas não foi bem isso que aconteceu. A brasileira nascida em Minas Gerais se apaixonou pela cidade e não quis mais ir embora. Já são quatro anos vivendo longe do Brasil. “Quando vim para os Estados Unidos eu não tinha a mesma visão que tenho hoje. Tudo era muito novo, a língua ainda era uma barreira porque o meu inglês era intermediário. Agora, vejo os EUA como um país de oportunidades, onde geralmente você cresce na mesma proporção do seu trabalho e dedicação aos seus sonhos e projetos. A praticidade também me fascinou. Aqui, eu só não consigo lavar roupa pela internet! O resto, consigo tudo. Além disso, as pessoas fazem um esforço enorme para que tudo dê certo. Procuram soluções para os problemas que existem”, afirma Lilian.
A mineira destaca as vantagens de morar numa cidade tão eclética e segura. Segundo ela, é incrível o ambiente multicultural que Nova York oferece. Existem restaurantes das mais diversas nacionalidades e é possível ouvir no metrô num único dia, idiomas de várias partes do mundo. “É gratificante morar numa cidade segura. Sem falar nas oportunidades que o mercado de trabalho oferece”, destaca a brasileira. Quando o assunto é o consumismo, ela é bastante realista. “Não sou consumista, mas tenho consciência de que se morasse no Brasil seria muito difícil de ter as coisas materiais que tenho aqui, como laptop, ipod e outros eletrônicos. Aqui você pode comprar coisas legais por um preço bastante acessível”, conta Lilian.
Ela diz que se acostumou muito rápido com a cultura dos novaiorquinos e que aprecia a educação e organização deles. “Vejo os americanos como pessoas de fácil relacionamento. Quando você ganha a confiança deles, eles se tornam amigos para a vida inteira. Se voltasse para o Brasil hoje sentiria falta disso tudo. Da segurança, da pluralidade cultural, do poder aquisitivo, dos museus, parques, teatros e cafés que fazem Nova York uma cidade sensacional. Mas acho que voltar, só se for a passeio. Gosto muito daqui. Vejo meus esforços profissionais serem reconhecidos e recompensados rapidamente. Isso não tem preço”, finaliza a brasileira.


Sunday, August 24, 2008

Música embaixo de Nova York

Um dia passeando em Nova York você pode ouvir vários estilos de músicas e nos mais variados lugares. No metrô, por exemplo, existe um projeto durante o verão chamado “Music under New York”. Em cada estação temos a oportunidade de apreciar pessoas tocando saxofone, violão, guitarra, violinos, violoncelos, pandeiro, flauta, bateria e até gaita de fole com direito a roupinha escocesa e tudo.
Existem os criativos que procuram ganhar um dinheiro tocando com o que dá. Recentemente vi um rapaz com três baldes ao redor dele produzindo um som bem animado. Parecido com o Olodum. Os turistas curiosos tiravam fotos e comentavam sorrindo. Outros até se arriscavam a dançar, mas essa parte sinceramente acho melhor não comentar!
Apesar da correria, pegar o metrô acaba sendo muito agradável quando assistimos um coral de uma família cantando músicas como “Oh, Happy day...”, ou a do tema do filme Mágico de Oz. Até já comentei aqui que uma vez ouvi no metrô “Lady Laura”, do nosso Rei Roberto Carlos.
E pelas ruas você também encontra artistas competentes, com vozes maravilhosas tentando ganhar um trocado. Esperando para atravessar a rua, acabei perdendo o sinal verde dos pedestres por prestar atenção num senhor tocando jazz. Ele era sensacional!
O mais inusitado de tudo que vi até agora foi na Little Italy. Um homem, dos seus 50 e poucos anos, na carroceria de uma caminhonete com um piano tocando em pleno domingo. Tinha uma multidão ao redor dele apreciando a boa música. E o engraçado era que o cachorro de estimação ficava em cima do instrumento enquanto o dono tocava. E sempre que tinha oportunidade tentava fazer um dueto com seus uivos desafinados.

Tuesday, August 19, 2008

O dor de não ter o Green Card

Para os brasileiros que vivem nos EUA, o que dói mais quando um parente morre é não conseguir voltar para o Brasil. A angústia de ter que decidir entre dar o último adeus correndo o risco de não poder mais voltar, ou ficar por aqui e sofrer ainda mais por causa da distância.
Elias Pereira Júnior, de 41 anos, mora há 3 anos em Nova York e, durante esse período passou por uma situação muito difícil. O brasileiro soube do falecimento da mãe por meio de um site de relacionamento. O sobrinho deixou um recado pedindo para que ele ligasse urgente. Quando ligou, Elias descobriu que a sua mãe havia falecido. “Foi como se eu tivesse vivendo um pesadelo. Eu não conseguia acreditar. Não desejo isso para o meu pior inimigo. Foi o pior dia da minha vida”, revelou o brasileiro.
Ele explica que não viajou para o Brasil porque não daria tempo de chegar para assistir o velório, muito menos o sepultamento. “Dificilmente eu conseguiria uma passagem para data. E os meus irmãos me incentivaram a ficar aqui porque a minha ida não iria trazer a minha mãe de volta. Sinto muito por não ter chorado ao lado da minha família, mas acredito que todos entenderam, pelo menos o meu pai e os meus irmãos que são as pessoas que mais importam”, disse.
Os parentes de Elias preocupados em confortá-lo da melhor maneira possível, colocaram um telão no local do velório onde ele podia ver tudo em tempo real. “Apesar de ser uma cerimônia triste, eu me senti tranquilo por causa das mensagens dos pastores e dos amigos presentes. Eu conseguia ver e ouvir tudo que se passava. As pessoas podiam me ver e saber que eu estava presente de alguma forma”, relembrou Elias. O enterro foi acompanhado por meio do celular do irmão. “Fiquei ao telefone com ele o tempo todo. E quando tudo chegou ao fim, sinceramente me senti mais calmo e com mais tranquilidade”.
Graças à tecnologia, Elias pôde se sentir mais próximo dos parentes. Ele ameniza a saudade da irmã que mora na Itália e dos outros 5 irmãos que ficaram no Brasil pela internet. “Com webcam e áudio ligados, nós ficamos mais unidos. Matamos um pouco as saudades um do outro. Por causa dessa facilidade, conseguimos colocar as notícias em dia em minutos”, conta Elias.
Ele conta que se pudesse voltar no tempo e soubesse que a mãe dele iria embora tão cedo, ele teria ficado no Brasil. “Gostaria de ter passado os últimos anos ao lado da minha mãe. Fazendo ela ainda mais feliz do que era. Para as pessoas que ainda tem os pais vivos, quero dizer que valorizem e amem os seus pais e mães cada dia mais. Um dia eles se vão e pode ser que você não tenha tempo de se despedir como eu. Mas graças a Deus tive o pivilégio de dizer a ela que a amava muito. Como digo ao meu pai até hoje”, afirma o brasileiro. Ele relembra que teve tempo de homenagear a mãe com uma música que compôs para ela. Em recentemente, Elias foi pai e não podia escolher nome melhor para a sua primeira filha. O brasileiro colocou o mesmo nome da mãe: Diva.

Monday, August 11, 2008

Balada ambulante



Essa idéia deveria ser copiada no Brasil. Ainda mais agora que só se fala em Lei Seca.
Aqui em Nova York existe um famoso transporte chamado ônibus da balada. É uma verdadeira boate ambulante. Com som alto, jogo de luzes e muita gente animada a bordo. Ele leva e pega as pessoas dos bares e boates que beberam um pouco além da conta.
Dessa forma, além de não correr risco digirindo, o “bebum” ainda se diverte mais um pouco antes de chegar em casa!

Tuesday, August 5, 2008

Enquanto isso em NY...



Se você pretende vir a Nova york e não fala nada, mas nada mesmo em inglês, fique atento aos avisos que estão em todos os lugares:



Se você encontrar uma placa com o nome EXIT, não exite, saia!


Caso seja PULL, não pule, puxe!


E para PUSH, não puxe, empurre!


Foi só um textinho divertido para descontrair o seu dia. ;)

Friday, August 1, 2008

Como é ser mãe na América


Toda mãe sonha em dar o melhor para o filho. Quando se planeja uma gravidez, o local onde a criança irá crescer é um dos pontos mais importantes decididos pelo casal. Nesta edição, duas brasileiras que vivem nos EUA contam como é criar os filhos longe de casa.
A jornalista Tatiana Moreno, de 30 anos, teve o seu primeiro filho há 1 ano e meio. Quando engravidou de Marcelo, o que ela mais sentiu foi falta do carinho da família. Embora estivesse feliz por ter escolhido um país de primeiro mundo para o nascimento do filho. “Tenho muito orgulho de ter tido meu bebê aqui. Apesar dele crescer sem a presença da maioria dos parentes, tenho certeza de que ele vai me agradecer pelas oportunidades que ele terá aqui. Ele vai frequentar escolas melhores, terá bom emprego e melhor qualidade de vida. Hoje não sei se teria filhos se ainda morasse no Brasil”, revela a jornalista.
Segundo Tatiana, que mora atualmente em Jersey City, o lado ruim da moeda é viver distante da família que é muito unida. Para amenizar a saudade, ela conversa com Marcelo em português, mostra gibis da Turma da Mônica e leva o pequeno para visitar o Brasil pelo menos uma vez por ano. Ela fala também sobre a diferença de preço que encontrou para montar o enxoval. Conta que aqui tudo é mais barato e que gastou menos de mil dólares para encher o quarto do bebê. Tatiana lembra do produto que encontrou com a maior diferença de preço. “Minha irmã presenteou o Marcelo com um briquedo super legal. Ela pagou 200 reais no Brasil. Aqui, eu encontrei o mesmo brinquedo por 10 dólares”, disse ela.
O parto foi tranquilo, os médicos apesar de frios são competentes. A gente só precisa saber lidar com eles. Geralmente eles bem ocupados e vão direto ao assunto. Eles conversam e explicam as coisas, mas sem muito envolvimento. Nós brasileiros estranhamos porque não estamos habituados com isso, mas logo a gente acaba se acostumando com o jeito deles”, finaliza a jornalista.
Já Flávia Orlandi, de 35 anos, que mora em Nova york há 10, explica como foi ter a sua filha na terra do Tio Sam. Diferente de Tatiana, Flávia conta que a experiência dela não foi tão boa. E diz que se puder, terá o segundo filho no Brasil. “Tenho outras amigas que tiveram experiências ruins aqui e resolveram ter o segundo filho no Brasil. Aqui a médica não me deixou ficar em pé, o que é muito melhor porque a gravidade ajuda o bebê a descer. Por isso, demorei para dilatar e como eu não queria anestesia, fiquei sentindo dor por mais de 4 horas. No fim ela ainda me assustou dizendo que iam durar mais umas 6 horas. Depois disso, desisti e pedi anestesia. Como me deram uma dosagem muito alta eu não tive força para empurrar o bebê. E por isso a Camila nasceu com dificuldade de respirar e ficou três dias na U.T.I.. Eu e o meu marido achamos que fizeram isso por dinheiro, porque quando perguntávamos, ninguém dizia qual era o motivo dela estar lá. Era apenas por observação”, revela a brasileira.
O nome da filha foi escolhido por ser fácil de pronunciar nos EUA e também no Brasil. Camila hoje tem 1 ano e 4 meses e adora brincar no gramado de casa. “Se eu tivesse um emprego estável e me sentisse segura nas ruas do Brasil, eu não estaria aqui. Mas é aqui que está o meu marido e o meu trabalho. Mesmo assim, eu pretendo fazer ter o segundo filho no Brasil. Procurarei um médico brasileiro, ou uma parteira para ter meu filho em casa.
A insatisfação mais ouvida entre os brasileiros que vivem nos EUA é a frieza dos americanos. E reclamam que os médicos daqui não são tão carinhosos quanto no Brasil. “Talvez porque aqui tudo é baseado no dinheiro eles atendem com pressa. As dúvidas são difíceis de serem esclarecidas por causa da língua, que é diferente. Mas pelo menos a medicina aqui é bem avançada e os exames disponíveis são de alto nível”, diz Flávia.
Depois de tantas decepções, Flávia pensa que talvez criar a filha no Brasil seria uma boa opção. “Eu e meu marido estamos discutindo isso constantemente. Eu tenho medo de criar minha filha aqui e ela começar a pensar como esses americanos que acham que os EUA são centro do universo. Tenho receio das coisas que já ouvi aqui. Certa vez, escutei uma professora dizer que só quem precisa aprender geografia são os militares”, explica ela. Outro ponto que amedronta a brasileira são as drogas. “Não quero que minha filha use as drogas. E isso aqui é tão fácil de achar. Maconha aqui é rito de passagem. As pessoas não se incomodam. Tenho muito medo do ecstasy também”, revela.
Mas ao mesmo tempo que teme, ela reconhece que a vida aqui é muito mais segura que no Brasil. “Gosto da segurança que tenho aqui. Fico tranquila, não tenho medo de deixar a minha filha correr na rua. Quando , vou para o parque brincar com ela é tudo sempre muito limpinho e arrumadinho”, enfatiza. E quando perguntamos sobre a possibilidade em voltar para terra Natal, a mãe de Camila diz que por enquanto pretende ficar por aqui já que a economia do mundo gira em torno dos EUA. E ressalta as diferenças do lugar que escolheu para morar. “As pessoas tendem a achar que os EUA são a resposta pra tudo, mas no fundo qualquer lugar do mundo tem suas vantagens e desvantagens. Agradeço a Deus por viver aqui. Cheguei com quase nada e hoje tenho uma casa linda, com um jardim gostoso onde a minha filha pode brincar. Mas se eu estivesse no Brasil, eu teria outras coisas como o calor humano do brasileiro e a presença da família. Acho que isso e o que mais me faz falta, por isso quero que minha filha conheça a nossa cultura e saiba como nosso povo é abençoado”, conclui Flávia.