Ser mãe é sem dúvida ter a chance de sentir o maior amor do mundo. O sentimento surge desde a confirmação da gravidez, e vai crescendo a cada dia. É uma emoção enorme poder ver o bebê pela primeira vez, ouvir o coraçãozinho, vê-lo se mexendo por meio do exame de ultrassom. É com certeza um momento inesquecível.
Dizem que esse é o tipo do amor você só entende quando se torna mãe. Portanto, nada melhor do que uma jornalista e, agora mãe de primeira viagem, para falar sobre o assunto. Este mês vou comemorar o meu primeiro dia das mães com o meu filho Daniel. Apenas para ficar mais fácil de entender o quanto eu sou louca por ele, confesso que o amor que sinto por ele é tão grande que parece que o meu coração vai sair pela boca. Descobri que estava grávida no dia 12 de junho de 2009, dia em que se comemora o dia dos namorados no Brasil. E o engraçado é que o dia previsto para o nascimento do meu filho era mais ou menos para quando se comemora o dia dos namorados aqui nos Estados Unidos, 14 de fevereiro. Depois disso os meus amigos passaram a dizer que eu estava esperando o bebê do amor! Bom, se dependesse de quanto eu já o amava, o apelido era bastante apropriado. A minha experiência como mãe nos Estados Unidos está sendo boa até agora. Com exceção das idas ao pediatra, que ao contrário do Brasil, insiste em dar as vacinas ao meu filho separadamente. Ou seja, a cada 15 dias ele sofre levando picadas. O argumento é que se o bebê tiver alguma reação, eles saberão de qual vacina foi. Estranhei porque inevitávelmente vou comparar com os procedimentos feitos no Brasil. E lá a vacinação não é dessa forma. Geralmente eles tomam todas em um único dia. Mesmo convivendo com outra cultura, sei que aqui ele terá grandes oportunidades na vida. Como estudar em uma das melhores universidades do mundo, ser fluente em duas ou mais línguas, e ainda poder viver com segurança. Afinal o Brasil, apesar de ser o meu país de origem, rico em belezas naturais e que eu morro de saudades, está cada dia mais violento. E esse foi um dos principais motivos de eu ter escolhido viver aqui. Não tem preço saber que o meu filho vai poder brincar na frente de casa, que eu não preciso por grades na janela e que posso passear com ele pelo bairro numa boa sem ter medo de ser assaltada.
Aos 29 anos, a curitibana Sabrina Decoo, deu a luz a Anthony. Hoje, 4 meses após o nascimento ela fala da dificuldade de criar um filho longe dos familiares. “Ter a família por perto é muito importante. Sinto demais a falta deles. É triste os avós do meu filho não estarem por perto. Várias vezes senti vontade de voltar a morar no Brasil, mas quem sabe um dia me mudo de volta”, diz. Além das saudades, a curitibana conta que gostaria de ter uma babá, mas aqui o serviço não é tão acessível como no Brasil. “A minha irmã está cuidando do meu filho, mas não por muito tempo. Infelizmente nos Estados Unidos colocar em uma creche ou contratar uma babá pesa muito no orçamento. É muito mais caro que no Brasil”, explica Sabrina. Segundo ela, a vantagem de ter tido filho aqui foi que ela pode ter de parto natural como ela sempre quis. E que de acordo com o que ela ouviu falar, no Brasil na maioria das vezes, os médicos empurram uma cesárea sem necessidade. Eu sempre desejei ter filho de parto normal e não gostaria de ser enganada por nenhum médico. Estava mais segura porque aqui eles fazem o possível para que o bebê venha ao mundo de parto normal. Morando na América há 7 anos, ela pretende ir ao Brasil frequentemente para que o filho Anthony tenha contato com a cultura brasileira. “Já tenho vários cd’s e livros em português. Só vou falar com ele em português para que ele seja fluente na língua. E sempre que puder estarei contando a ele sobre a nossa cultura”, finaliza.
Raquel Lopes, nascida em Ribeirão Preto, teve uma gravidez planejada e acabou tendo um menininho como ela sempre sonhou. “Quando ouvi o choro do Lui pela primeira vez, aquele foi o momento mais mágico da minha vida, senti uma alegria pura e indescritível. O meu filho me ensinou o que é o verdadeiro amor, aquele amor que não é egoísta e que te dá forças para se superar a cada dia. Ser mãe é um milagre e uma aventura, a melhor coisa que me aconteceu!”, Afirma. Diferentemente de Sabrina, Raquel queria cesárea, decisão que acabou incomodando-a bastante. “Os amigos e familiares americanos faziam mil perguntas. Eles achavam absurda a minha escolha pela cesareana. Ainda bem que tive sorte de encontrar um médico que me apoiou e me ajudou para que o hospital autorizasse o pedido. Ele alegou que no Brasil a maioria das gestantes preferem o parto cesárea e que isto é uma questão cultural para nós brasileiras”, diz ela. O filho da brasileira, pequeno Luiz Anthony, completou dois anos recentemente e Raquel ainda não conseguiu conciliar a carreira com o papel de mãe. “Em certa ocasião, estava trabalhando em casa e eu havia agendado uma video - call com um cliente da China. A avó estava olhando o Lui para mim, mas exatamente na hora da video-call ele começou a chorar por que queria ficar perto de mim. O cliente ouviu o chorinho dele e eu fiquei super sem graça, mas o cliente começou a rir dizendo que também tem filhos e às vezes o mesmo acontece quando ele tenta trabalhar em casa. No fim, acabou sendo engraçado, eu tento não fazer mais video-calls quando o Lui esta em casa”, complementa Raquel. Para ela uma das vantagens de ter tido o filho nos Estados Unidos é que em um mundo globalizado como o nosso, o fato dele ter dupla cidadania facilitará o acesso à excelentes universidades. E ela aponta a principal desvantagem que é em caso de um divórcio. “dificilmente a mãe poderá voltar a morar no Brasil e levar consigo o filho sem violar a Convenção de Haia. Portanto você estará em um país estrangeiro, tendo a responsabilidade de sustentar e criar seu filho e sem poder contar com a ajuda da sua familia brasileira. Eu passei por isso, e ainda bem que pude contar com a ajuda das minhas amigas e da familia americana de meu filho”, relata. Quanto ao atendimento hospitalar, a paulistana diz que foi muito bom, mas estranhou o fato de, mesmo com convênio médico, ter de dividir o quarto com alguém que ela não conhecia.
Aqui nos Estados Unidos cada hospital tem a sua política de atendimento. E a maioria deles coloca mais de uma pessoa por quarto. A não ser que a paciente esteja disposta a pagar por um quarto privado. Pelo menos no hospital que tive o meu filho, um dos mais conceituados de Nova York o Mount Sinai, o custo para ter o luxo de ficar sozinha em um quarto era em média de mil e 700 dólares a diária.