Saturday, July 26, 2008

Acredite se quiser!

Hoje eu sai apressada do metrô e de repente sinto alguém puxar a minha mochila. “Miss, you drop your money”, uma mulher disse para mim. Quando eu enfiei a mão no bolso para tirar o celular, o meu dinheiro caiu sem que eu percebesse. Só que quando ela conseguiu me avisar eu já estava na outra esquina. Olhei pra trás e vi que umas três pessoas tentaram me chamar. E quem me entregou o dinheiro foi um rapaz que estava recolhendo o lixo da rua no momento.
Não era muito dinheiro, mas não dava para saber porque eram muitas notas enroladas. Depois fiquei rindo sozinha sem acreditar no que tinha acontecido. Foi surreal! Afinal, se eu deixei cair a culpa foi minha. Ninguém precisava correr para me alcançar, mas ainda bem que existem pessoas honestas no mundo ainda.

Na academia que freqüento em Nova york existem armários que servem para guardar os pertences, como na maioria das academias do Brasil. Muitas pessoas esquecem de levar o cadeado para trancar e deixam as coisas assim mesmo. E ninguém mexe. Já cansei de ver as pessoas irem tomar banho e deixarem tenis dos mais caros à tôa, celular e até carteira!
É difícil se acostumar com essa confiança, mas confesso que é muito bom viver assim.

Monday, July 21, 2008

Mais sobre a educação dos americanos

É impressionante como os americanos são organizados. Na hora de pegar o metrô, de sair de um show ou peça de teatro.
Já vi lugares abarrotados de gente em Nova york, mas ninguém se encosta ou se empurra. As pessoas vão saindo aos poucos, com calma e respeitando quem está mais perto da porta.
No metrô não fica aquela confusão como eu via frenqüentemente em São Paulo com as pessoas querendo sair e outras querendo entrar ao mesmo tempo. Aqui, é normal aguardar todo mundo sair para poder entrar em seguida.
Estava comentando com uma amiga americana essa semana o número de vezes que eu escuto por dia “I’m sorry”. Às vezes por coisas bobas como virar a esquina e dar de cara com alguém na mesma direção.
Eles pedem desculpas para tudo. E eu adoro isso! Acho que quando chegar ao Brasil as pessoas vão estranhar a minha “nova educação” rsrs.

Wednesday, July 16, 2008

Indignada!

Os americanos são conhecidos pela frieza, mas essa semana presenciei uns fatos que me chocaram. Estava num parque e dois meninos estavam brigando. De longe, vi o garoto maior enfiando o rosto do pequeno na areia. As outras crianças não faziam nada. E o pior, tinha uma mãe com o filho do lado e pasmem: ela não fez nada! Fingiu que não estava vendo.
Até que chegou uma hora que tal menino encheu a mão de areia e enfiou no olho do outro. Foi quando ele saiu chorando atrás da babá que estava do outro lado papeando com as amigas.
Indigninada fui até lá e disse: eu vi o que aconteceu. Foi um menino que fez isso e aquilo e sabem o que ela me respondeu? “Isso acontece”. Enfim, o que me deixou triste foi ver as pessoas que estavam próximas não moverem um dedo.
E no mesmo dia uma garotinha caiu no chão e começou a chorar. O pai que estava sentado perto dela disse apenas: onde esta a sua mãe? Não levantou a menina e ficou fazendo perguntas enquanto a criança chorava deitada no chão.
Parece que eles têm medo de tocar uns nos outros e os pais acharem ruim. É muito estranho isso tudo. Eu não consigo me acostumar. Uma amiga que foi babá aqui no EUA por um tempo me disse: as crianças adoram as babás brasileiras porque nós abraçamos. É, e isso pelo visto não é muito freqüente por aqui.

Tuesday, July 8, 2008

Nos EUA calor é sinônimo de brasileiros nos campos de futebol

Mesmo longe do país de origem, os brasileiros não deixam de lado a grande paixão nacional. Nos EUA muitas pessoas estão aproveitando a chegada do verão para curtir com mais freqüência a famosa pelada. O Brasil é conhecido pelos grandes craques. A paixão é percebida mundialmente e não é à toa que quando falamos para um gringo onde nascemos, escutamos imediatamente: futebol, Pelé, Ronaldinho, Kaká.
O paraibano Lúcio Souza, de 41 anos, conhecido na comunidade brasileira como China, é viciado em esportes, e em especial o futebol. Atualmente morando em Danbury, Connecticut, ele explica porque gosta tanto da modalidade. “Já ganhei vários campeonatos. O futebol é um esporte fascinante. É bom para reunir os amigos e ainda podemos praticar em qualquer lugar”, disse o brasileiro.
De acordo com o “peladeiro”, agora que o clima esquentou os convites aumentam. “O verão é vida. O verde, os lagos e o sol nos animam e nos convidam a todo momento a bater uma pelada. Se no inverno eu já jogava três vezes por semana em lugares cobertos, imagine agora com esse clima perfeito. Logo que cheguei aqui nos EUA, eu ganhava dinheiro jogando. Era em média de 100 a 200 dólares por jogo. Eu conseguia saciar a vontade de bater uma bolinha e ainda ganhava uns dólares. Tem emprego melhor?”, declara.
Conta que já fez muitas loucuras para poder jogar futebol e que um dia ele percebeu o exagero. “Tive um jogo em Nova York de manhã cedinho. A segunda partida era ao meio dia em Danbury, Connecticut. E o terceiro era em Bridgeport, também em Connecticut. No último eu não recebi dinheiro, mas fui só por prazer”, complementa.
Mesmo com vida constantemente agitada e vários compromissos, Lúcio sempre conseguiu tempo para as peladas no meio da semana. E ainda diz que nem todo mundo entende o compromisso inadiável aos domingos de manhã. “Eu já avisei aos meus amigos e parentes, não marquem casamento, aniversário ou batizado dia de domingo pela manhã porque eu com certeza irei faltar. Não falto o meu jogo por nada no mundo”, afirma.
Hoje, além da prática do futebol apenas por diversão, o centroavante joga profissionalmente na primeira divisão do campeonato do estado de Connecticut, pela equipe do clube português de Danbury.
Ele relembra os tempos áureos quando foi artilheiro de um campeonato em 2000 com 34 gols. Segundo ele foi um recorde na época. Rendendo várias capas de revistas na cidade. A paixão do brasileiro vem desde pequeno. Nem a falta de estímulo do pai fez com que ele desistisse de continuar praticando o esporte. Como não existem times de futebol formados apenas por brasileiros, Lúcio sonha em um dia conseguir realizar um campeonato brasileiro nos Estados Unidos. “Só assim ficarei totalmente realizado. As pessoas poderão ver um show com 22 brasileiros e conhecer o que é jogar futebol de verdade”, finaliza ele.

Thursday, July 3, 2008

Amazônia no meio da selva de pedra



O coração do Brasil está sendo reproduzido numa das cidades mais consumistas do mundo. Nova York é o cenário da exposição Amazônia Brasil, considerado um dos eventos mais importantes sobre a região. O ambiente, os sons, o verde, as cores e a simplicidade do povo está exposta num dos pontos mais bonitos da cidade, à beira do rio Hudson no pier 17. A magia da Amazônia está transportando os visitantes para o interior da floresta. Andar pelo cenário que foi recriado pela própria comunidade é extraordinário. As maquetes foram reproduzidas exatamente como os moradores do local se enxergam. Desta forma é fácil imaginar a grandeza do lugar.
Em sua oitava edição, a mostra é organizada pelo Projeto “Saúde e Alegria” e dirigida pelo brasileiro Eugênio Scannavino Netto. “Sou médico e estou há vinte anos na Amazônia. Apesar de ser infectologista, lá a gente acaba fazendo um pouco de tudo”, diz o ele. O médico conta que queria ser útil, ajudar as pessoas. Queria trabalhar com saúde e não com doença. “Quando cheguei lá vi uma população totalmente excluída, não tinha nenhuma assistência, tinha gente que nunca tinha visto médico na vida. O povo estava morrendo a míngua por causa de diarréia, por causa de coisas simples. Aí eu resolvi ficar e comecei a montar um negócio que reunia educação, prevenção, saúde, alimentação, geração de renda, aí a coisa foi crescendo e eu fui ficando cada vez mais apaixonado pelo lugar”, explica Scannavino.
A exposição quer sensibilizar a população mundial sobre a urgência da conservação da floresta para o futuro do planeta. "Queremos expressar a voz dos brasileiros que vivem na Amazônia, apresentando a região, sua diversidade, potenciais, contradições e a vida nas comunidades locais. Nosso objetivo é mostrar essa visão realista e atual do local e conscientizar os visitantes para as questões da floresta”, afirma o médico.
Logo na entrada os visitantes encontram um mapa gigantesco que eles podem ver exatamente onde a floresta Amazônia está localizada. Em seguida eles assistem aos vídeos que mostram que o rio é o principal meio de vida dos ribeirinhos. É onde as crianças brincam, é também onde a população toma banho, lava roupa e consegue alimentos. Em média 400 crianças visitam a exposicão todos os dias e apesar de muitas delas chegarem procurando a floresta Amazônia no continente africano, elas mostram total interesse em conhecer esse pedaço tão importante do Brasil.
A brasileira Ana Oliveira, que mora em Nova York há 19 anos levou o filho de 4 anos para conhecer a exposição. “Ele nasceu aqui nos EUA e agora que ele está entendendo um pouco mais as coisas eu quero que ele conheça cada dia mais o Brasil. Ele está amando conhecer a Amazônia”, conta Ana. E quando se fala em saudades da terra natal, ela diz que o coração aperta por estar longe e que jamais vai esquecer seu país de origem. “É fantástico ver na maquete o encontro do rio negro com o solimões. As águas não se misturam por causa da densidade. É exatamente assim ao vivo. Mesmo tendo conhecido a floresta Amazônia, eu fiquei impressionada com a riqueza da exposição”, conclui a brasileira.
A mostra é uma excelente oportunidade para os novaiorquinos diminuirem o ritmo de trabalho agitado para dar um passeio pela floresta. Painéis, fotos, sons e diversas instalações recriaram o ambiente único da amazônica, incluindo a sua biodiversidade, povo, vilas e cidades. O visitante mais empolgado ainda pode conferir as exposições no Financial Center, sobre Amazônia Design de Moda e economia sustentável; no Smithsonian's National Museum of American Indian, com a mostra "Guardiões da Floresta", e as oficinas de arte no Central Park. Além disso, o evento está levando para escolas o “New York City Board of Education”. São lições sobre a Amazônia desenvolvidas e incluídas no currículo de terceiro e sexto grau.
As pessoas chegam no local achando que vão ver apenas o que a Amazônia tem de bom, mas quando saem levam o pensamento: “Opa, eu também sou responsável. Eu estou consumindo muito”. Essa é a principal mensagem da exposição, conscientizar o americano sobre o que ele pode fazer para ajudar a salvar o mundo. “Vejo que o americano vem aqui pra ver o quanto o Brasil está destruindo a Amazônia, mas quando eles percebem que o problema da Amazônia é a pressão do consumo global e aqui é o Deus do consumo, cai a ficha e eles ficam muito impressionados. Eles se sentem mal por serem tão consumistas, de gerarem tanto lixo e de desperdiçarem tanta coisa. Então esse reconhecimento pra mim é muito importante. É um aprendizado enorme para eles”, afirma Scannavino. Segundo ele, a humanidade está agindo como criança ao descer de um tobogã. “As pessoas estão sentindo muito prazer, é divertido viver e não se preocupar com o que tem na frente. Mas e lá embaixo? Não vai ter uma piscina esperando por nós. O negócio vai ser bem feio!”, finaliza o médico.
Amazônia Brasil em Nova York é a maior versão internacional da mostra, e já passou pela França (Paris), Suiça (Lausanne) e Alemanha (Bavária), Rio de Janeiro e São Paulo. Após a sua apresentação da cidade americana, a exposição segue para Tóquio, Mônaco e Holanda.