Tuesday, September 13, 2011

Maestro João Carlos Martins em Nova York e Flórida


Momento mágico
História e cultura vão se misturar no palco quando os primeiros acordes forem ouvidos no Broward Center (FL), na noite do dia 22 de setembro, e no Lincoln Center (NY), dia 25. Esses acordes terão a regência do maestro João Carlos Martins, o que torna qualquer evento mais emocionante e especial. Um atrativo dessa vez é o encontro ousado da música clássica com o samba. Na segunda parte dos concertos, a Bachiana Filarmônica SESI-SP vai se apresentar junto a integrantes da bateria da escola de Samba Vai-Vai.
A Vai-Vai é a atual campeã do carnaval de São Paulo e conquistou seu 14º título, em 2011, com o enredo, “A Música Venceu”, que homenageou João Carlos Martins. Homenagens, por sinal, fazem parte da rotina do maestro. Ele já contou sua história no último capítulo da novela “Viver a Vida”, da TV Globo, e teve sua vida registrada por um cineasta alemão, em um documentário chamado “A Paixão Segundo Martins”.  Homenagens futuras também já estão programadas. Devem ser iniciadas em breve as gravações de um filme (produção americana/brasileira), com a direção de Bruno Barreto, sobre João Carlos Martins. Rodrigo Santoro vai interpretar o maestro.
Lição de vida
João Carlos Martins merece todas as homenagens por tudo o que representa para a música e por sua história de vida. Hoje ele realiza um projeto de popularização da música clássica e de inclusão social por meio da formação musical de jovens carentes, mas não foi fácil a caminhada até aqui. No início, a inspiração foi o pai dele,  que adorava música e teve a mão direita decepada na prensa da gráfica em que trabalhava. O acidente aconteceu 3 dias antes da que seria sua primeira aula de piano. Para realizar o sonho do pai, o jovem João Carlos começou a tocar o instrumento. Aplicado, ele chegou a ser considerado o melhor interprete do mundo do compositor alemão Johann Sebastian Bach.
Vários acontecimentos poderiam ter afastado João Carlos Martins de sua grande paixão, mas, como cantou a Vai-Vai, “A Música Venceu”.
Ninguém melhor do que o próprio maestro para descrever tudo o que passou e teve que superar.
“Eu começo meus estudos de piano com 8 anos de idade.
Aos 13 anos iniciei minha carreira nacional.
Aos 18 anos, minha carreira internacional.
Mass aos 26 anos, numa queda (jogando futebol), eu perdi a mobilidade dos dedos.
Então, eu percebi que se eu não usasse, praticamente, o quarto dedo da minha mão direira, eu conseguia recuperar a velocidade.
Depois de 7 anos, de volta, eu comecei a sentir a Síndrome dos Movimentos Repetitivos. Eu tive que me afastar da música novamente.
Voltei a estudar, voltei a me aperfeiçoar e a vida dos sonhos volta.
Mas, saindo de um teatro, sou assaltado. Me bateram com uma barra de ferro na cabeça e todo meu lado direito ficou comprometido.
Um ano depois, eu estava fazendo as tais 21 notas por segundo e volto ao Carnegie Hall, em Nova York.
Infelizmente, após 2 anos, os médicos me chamam em Miami e falam:
“ Nós vamos ter que cortar um nervo da sua mão e você nunca mais vai tocar piano.” Começo uma carreira com a mão esquerda.
Um tumor também eliminou minha mão esquerda.
Formei a minha Bachiana Jovem, a minha Bachiana Filarmônica – as duas agora estão uma orquestra única.
Eu levei a minha Bachiana para o Carnegie Hall, em NY, e começo o Hino Nacional. Quando acabou o hino, que eu viro para a platéia e vejo, lá em cima, as bandeiras do Brasil. Eu agradeci a Deus e ao fato de ser brasileiro e de estar conseguindo fazer música e levar música até o fim da minha vida."
O próximo capítulo dessa história de superação vai poder ser visto no Broward Center, na noite do dia 22, e no Lincoln Center, dia 25.
Apresentações
O maestro João Carlos Martins, sua orquestra Bachiana Filarmônica SESI SP e integrantes da escola de samba Vai-Vai, se apresentam juntos, em um encontro histórico, no Broward Center, em Fort Lauderdale, e no Lincoln Center, em Nova York
Na Flórida, o concerto vai ser no dia 22 de setembro, as 8pm. Os ingressos custam US$ 20.00 e podem ser comprados pelo telefone (954) 462-0222 begin_of_the_skype_highlighting            (954) 462-0222      end_of_the_skype_highlighting ou no site www.browardcenter.org
Em Nova York, no dia 25, o preço é o mesmo e espetáculo começa as 6pm. Ingressos para o Lincoln Center são encontrados nowww.lincolncenter.org ou pelo telefone (212) 721-6500 begin_of_the_skype_highlighting            (212) 721-6500      end_of_the_skype_highlighting.
É, sem dúvida, uma oportunidade acessível para se viver um momento especial e inesquecível.

Sunday, September 11, 2011

O dia que os americanos nunca esquecerão


*Fotos Mariana Cruso 









11 de setembro de 2001 - Eu morava no Brasil e estava dormindo quando escutei os gritos do meu irmão. “Caramba, um avião acabou de bater em uma das torres do World Trade Center em Nova York”. Sai correndo para ver o que estava acontecendo. Logo em seguida o segundo avião. E ele: “É atentado, é atentado”. Ficamos chocados. Até hoje eu não consigo acreditar quando vejo as imagens. Parece cena de filme de ficção. Achei que todo o horror que vi pela televisão era o suficiente para descrever aquela tragédia. Mas aqui o sentimento é infinitamente pior. Quando cheguei em Nova York uma das primeiras coisas que fiz foi visitar o local onde ficavam as torres gêmeas. Fiquei arrepiada ao chegar lá. Até hoje fico quando passo por perto ou escuto algum relato de parentes que perderam entes queridos. Milhares de fotos, cartas, velas e um cenário de destruição. Segundo relatos, há exatamente 10 anos o dia estava lindo. Céu azul, clima perfeito da primavera novaiorquina.
Entrevistei várias brasileiras que moram em Nova York, bombeiros e americanos que perderam familiares. Li várias revistas com diferentes relatos, assisti quase que diariamente documentários sobre aquele dia que o mundo quer esquecer. É triste ouvir as crianças que não conheceram os pais porque ainda estavam na barriga das mães. A única lembrança que eles têm são fotos e vídeos dos que já se foram. Até o meu marido foi entrevistado por mim. Ele é novaiorquino e foi voluntário ajudando as vítimas. Ele estava de férias quando aconteceu o ataque e decidiu se voluntariar doando sangue. Mas eles já tinham sangue o suficiente estocado e pediram para ele ajudar no transporte. Ele levava comida, transportava os médicos de um lugar para o outro. “Apesar de não terem achado muitas vítimas nos escombros, eles precisam dos médicos no local para cuidar dos que estavam na busca por sobreviventes. No dia do atentado, abriram as pontes após meia noite. Só tinha o meu carro na ponte. Parecia uma cidade fantasma. Nunca vi Nova York tão vazia na minha vida. Passei duas semanas vendo pedaços de corpos, pessoas desesperadas a procura dos parentes com cartazes com fotos. Apesar de tudo que presenciei, não sinto medo. Não acho que haverá outro ataque terrorista desse nível e também não tenho pretensão em me mudar para outra cidade dos Estados Unidos. Não podemos deixar que essa tragédia afete as nossas vidas a ponto de viver com medo”, relata Michael McGovern.
Na manhã daquele dia, a brasileira Christiane Valle por pouco não estava em uma das torres na hora do acidente. “Eu tinha que pagar uma conta lá, mas decidi fazer um café da manhã especial para o meu pai que estava voltando para o Brasil naquela noite. Fui até o supermercado e foi quando vi o que estava acontecendo pela TV. Sai correndo para buscar o meu filho na escola mesmo sabendo que ordem era deixá-lo lá por ser mais seguro. Briguei e consegui tirá-lo de lá. Na volta para casa, ouvimos gritos em forma de coral das muitas pessoas que estavam nos telhados dos prédios e tomamos conhecimento da queda da segunda torre.Estive em algumas vigílias com velas e encontros silenciosos com centenas de pessoas. Olha, tudo foi terrível e triste mesmo. O medo imperava e as pessoas estavam muito perdidas. Era uma energia estranha. Certamente esse episódio marcou minha vida e dos que estavam ao meu lado de forma bastante traumática. Contudo, sou da turma que acha que uma violência não justifica a outra. Acredito que é quebrando-se esse ciclo de violências que caminharemos para a paz. Por isso, não comemorei a morte de Bin Laden. Não acredito em vingança como meio de redenção. MariLiza Backstrom conta que quando chegou ao trabalho que era perto da torres, teve que sair correndo. “Eu estava aqui e vivenciei tudo! Um Horror! Vi a primeira torre desabando na minha frente! Parecia o fim do mundo! Não sabia o que estava acontecendo. Estava sozinha, sem comunicação, sem saber pra onde ir, mas continuava correndo e chorando feito louca com centenas de pessoas. Foi um verdadeiro horror. Mas graças a Deus, conseguir escapar”, diz a brasileira.
A ex-modelo e ex-apresentadora Fabiana Saba Sutton, também estava em Nova York quando tudo aconteceu. “Foi realmente horrível. Eu estava dormindo quando ele me ligou. Ele estava muito nervoso e pediu para que eu ligasse a TV. Ele me disse que viu da janela do escritório um avião bater na torre. Então vi que tinha entrado um avião na torre, mas ninguém sabia o porque. Logo depois entrou o segundo e a ligação foi desconectada. Fiquei desesperada pois não sabia quão perto ele estava, e nem o que estava acontecendo. Fiquei com medo. E se fosse uma guerra? Eu estava no apartamento do meu marido, então namorado, e era no 39th  andar e mesmo sendo no Upper East side dava pra ver a fumaça saindo das Torres. Aliás, por dias se viu aquela nuvem cinza da minha janela. Espero que as famílias das vítimas encontrem paz. “E o que era para nos deixar mais fracos, só nos deu força, pois nos tornou mais humanos”, conta Fabiana. Carol Guedes conta que ao sair de casa tomou um susto. “Todo mundo na rua olhando em uma mesma direção. Quando vi as duas torres já estavam em chamas. Escutei na rua dizendo que tinha sido um avião que bateu na torres. Minha primeira reação foi pensar gente que piloto sem noção. E pior o segundo avião que foi de alguma forma ajudar, também teria se atrapalhado. Mas estando nos EUA, pensei que apesar de tudo em poucos dias eles arrumariam os prédios e tudo estaria bem. Não fazia idéia da dimensão do que estava presenciando. Como uma boa turista sempre estava com a minha máquina, e decidi tirar umas fotos das torres, e foi quando vi pela câmera a primeira torre caindo. Não sabia, mas registrei exatamente o momento da queda. Nesse momento estremeci e pensei: meu Deus o que esta acontecendo? O que estou fazendo aqui? Quando a segunda torre caiu escutei um novo ohhhhh das pessoas na rua sem saber o que estava acontecendo”, afirma.


Relembrando o fato
19 terroristas da Al-Qaeda seqüestraram quatro aviões comerciais. Dois bateram nas torres gêmeas em Nova York. O terceiro atingiu o pentágono em Washington. E a quarta aeronave caiu em um campo na Pensilvânia por causa dos tripulantes que lutaram contra os seqüestradores. Quase três mil pessoas morreram.  A brasileira Sandra Fajardo Smith, que morreu na Torre Norte do World Trade Center durante os ataques do 11 de Setembro de 2001. Juntamente com a mineira de 37 anos, o governo brasileiro reconhece como vítimas dos atentados os paulistanos Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, de 30 anos, e Anne Marie Sallerin Ferreira, de 29 anos, que eram colegas de trabalho no Banco Cantor Fitzgerald, no 105º andar da Torre Norte. A morte do capixaba Nilton Albuquerque Fernão Cunha não consta na lista oficial do consulado brasileiro nem da prefeitura de Nova York porque, segundo o Itamaraty, a família não enviou amostras de DNA para confirmar sua identidade. Os Estados Unidos responderam aos ataques com o lançamento da Guerra ao Terror: o país invadiu o Afeganistão para derrubar oTaliban, que abrigou os terroristas da Al-Qaeda. Algumas bolsas de valores estadunidenses ficaram fechadas no resto da semana seguinte ao ataque e registraram enormes prejuízos ao reabrir, especialmente nas indústrias aérea e de seguro. O desaparecimento de bilhões de dólares em escritórios destruídos causaram sérios danos à economia de Lower Manhattan, Nova Iorque. Os danos no Pentágono foram reparados em um ano, e o Memorial do Pentágono foi construído ao lado do prédio. O processo de reconstrução foi iniciado no local do World Trade Center. Em 2006, uma nova torre de escritórios foi concluída no local, a  World Trade Center. A torre 1 World Trade Center está em construção no local e, com 541 metros de altura após sua conclusão, em 2013, se tornará um dos edifícios mais altos da América do Norte. Mais três torres foram inicialmente previstas para serem construídas entre 2007 e 2012 no local das antigas Torres Gêmeas. O Memorial Nacional do Voo 93 começou a ser construído 8 de novembro de2009 e a primeira fase de construção é esperada para estar concluída no 10º aniversário dos atentados de 11 de setembro, em 2011. E as novas torres que estão sendo construídas são consideradas os prédios mais seguros dos Estados Unidos.


Empire State of Mind NY Commercial - StateFarm - 9 /11 New York @djtek


Dez anos da tragédia que marcou o mundo



Faço parte de um grupo no Facebook chamado “brasileiras em Nova York”. Coloquei um post lá pedindo depoimentos das pessoas que estavam aqui em 11 de setembro de 2001. Foi uma surpresa enorme receber mais de 70 comentários, pessoas me ligando, mandando emails. Ouvi histórias incríveis que me ajudaram a dar entrevistas ao vivo direto de Nova York para diversas cidades do Brasil. Depois de um dos comentários, resolvi publicar os relatos. Mais uma vez, agradeço a todas que descreveram esse momento tão doloroso que todos por aqui querem esquecer.


Carla Cavellucci Landi - esses depoimentos deveriam estar publicados, até como forma de conscientização para os que falam "bem-feito" lá no nosso país... tenho certeza que nenhum lugar tem tantos depoimentos dessa natureza em português.


Christiane Valle. - Eu morava na Avenida D com 8th street, mais ou menos umas 3 milhas do World Trade Center. De minha janela eu via uma pontinha das torres, mas assisti tudo pela TV mesmo. No dia, acordei cedo, como de costume, para levar meu filho, então com 9 anos, para a escola. Eu tinha planos de ir pegar um pagamento que me deviam num escritório localizado em um dos prédios do complexo World Trade Center, mas mudei de idéia no caminho de volta para casa. Resolvi parar no mercado e comprar ingredientes para preparar um bom café da manhã para meu pai que estava de visita e retornaria ao Brasil naquela noite. Enquanto pagava a compra vimos, eu e a caixa, anúncio na TV de um acidente de avião naquela região. Corri para casa para me inteirar das notícias e, com horror, vi na televisão que, na verdade tratava-se de um avião grande, de carreira. Eu e minha irmã assistíamos a TV chocadas, mas até o ponto da batida do segundo avião na outra torre, a TV anunciava um acidente. De repente, notamos fumaça na segunda torre e no minuto seguinte o repórter da TV gritou: AMERICA IS UNDER ATTACK e daí começou o terror. Imediatamente liguei para meu marido, na época meu namorado, sabendo que ele passava pela estação de metrô localizada no World Trade Center, mais ou menos naquele horário. Por muita sorte, ele chegou lá antes que as torres caíssem e saiu ileso, mas não escapou de responder aos chamados de resgate, já que era policial da NYPD e isso o afetou para o resto da vida. A TV anunciava que para a segurança das crianças os pais não fossem buscá-las nas escolas públicas porque as mesmas não seriam liberadas. Comecei a me desesperar. Ficamos eu, meu pai e irmã em casa aterrorizados, esperando ataques aéreos a qualquer minuto (era isso que se temia) e sem saber o que fazer. Quando a primeira torre caiu, coisa mais surreal, meu Deus, eu e papai decidimos que iríamos buscar meu filho na escola à despeito das orientações da cidade. Fomos pela rua enfumaçada, correndo com outros pais que saíam desesperados em busca de seus filhos. Na escola tivemos alguma dificuldade, bate-boca para retirarmos as crianças, mas graças a Deus peguei meu filho e voltei para casa, certa de que as coisas iam piorar dali para frente. No caminho de volta para casa ouvimos gritos em forma de coral das muitas pessoas que estavam nos telhados dos prédios e tomamos conhecimento da queda da segunda torre. Um horror. Minha rua era a última antes do East River no lado leste e foi feita de rota de escape para as vítimas que seguiam a pé e também serviu para o alinhamento dos MUITOS, MUITOS MESMO carros de resgate e caminhões de recolhimento de entulho. Uma loucura assistir isso da janela. Um mar de gente coberta de poeira de cor estranha andando pela rua. O pó e o cheiro demoraram pelo menos uma semana para diminuir. A cidade fechou as ruas e bairros abaixo da rua 14. Todos os moradores daquela região precisavam apresentar identificação para circular perto de casa. Durante muitos dias a cidade viveu em estado de alerta, sempre com ameaças de possíveis novos ataques. Me lembro que uns dias depois estávamos eu e meu pai indo ao Consulado Brasileiro para tentar informações mais precisas de quando ele poderia voltar ao Brasil e o prédio da Time Warner tinha acabado de ser evacuado. Houve uma histeria popular que levou a uma correria louca de um lado para o outro e nós, perdidos naquela situação começamos a correr contra a corrente. Por fim, paramos olhamos um para o outro e voltamos a correr na direção oposta!! Hoje damos gargalhadas desse episódio específico, mas na hora, só desespero. Nunca vou esquecer os muros com fotos, descrições e anúncios de "Procura-se" (Missing Person). Era muuuuito triste. A estação da Union Square ficou COBERTA de papéis por muito tempo de familiares procurando pessoas desaparecidas. Era incrível assistir a dor. Ainda hoje se vêem papeizinhos com nomes de pessoas em um dos corredores daquela estação. A Union Square virou ponto de encontro espontâneo dos que iam em busca de compartilhar a dor daquela experiência. Estive em algumas vigílias com velas e encontros silenciosos com centenas de pessoas. Olha, tudo foi terrível e triste mesmo. O medo imperava e as pessoas estavam muito perdidas. Era uma energia estranha. Certamente esse episódio marcou minha vida e dos que estavam ao meu lado de forma bastante traumática. Contudo, sou da turma que acha que uma violência não justifica a outra. Acredito que é quebrando-se esse ciclo de violências que caminharemos para a paz. Por isso, não comemorei a morte de Bin Laden. Não acredito em vingança como meio de redenção.

Chris O'Sullivan. – Foi terrível, vi tudo pois o meu escritório tem a vista pra downtown. O mais incrível é que o dia estava lindo sem uma nuvem no céu. Um típico crisp september morning. Eu fiquei no trabalho por quatro dias sem voltar pra casa. O clima era super estranho mesmo. Ninguém sabia como agir e nas coorporações a mensagem era "business as usual". Um verdadeiro nightmare. Até hoje não posso ver imagem alguma relacionada a 9/11. Foi sem sombra de dúvida uma tragédia. Fiquei chocada quando vi e li postings e artigos dizendo que justiça não é feita com a morte de um ser humano quando Bin Laden foi morto. Obviavelmete estas pessoas não passaram o que passamos aqui ou não conhecem alguém que morreu queimado nas torres como eu conhecia. Horripilante! Sem contar que para quem trabalha em mundo coorporativo como eu a mensagem era clara e nítida: "business as usual"!!! E a raiva contra os USA é alarmante no mundo a fora. Voltei do Middle East chocada...eles absolutamente ODEIAM tudo relacionado aqui. Não são todos mas a maioria. O desdenho é uninime!

MariLiza Backstrom. -Eu estava aqui e vivenciei tudo! Um Horror! Tive que sair correndo quando cheguei pra trabalhar pertinho das Torres e a primeira torre começou a desabar na minha frente! OMG! Parecia do fim do mundo! Não sabia o que estava acontecendo! Estava sozinha, sem comunicação, sem saber pra onde ir mas continuava correndo e chorando feito louca com centenas de pessoas! Foi um Horror! Phew! Mas GRAÇAS A DEUSA ... conseguir escapar!
Fabiana Saba Sutton- Eu também estava, e meu marido viu da janela do escritório. Foi realmente horrível. Eu estava dormindo quando meu marido me ligou. Ele estava nervoso e pediu para que eu ligasse a TV. Ele me disse que viu da janela do escritório um avião bater na torre. Então vi que tinha entrado um avião na torre, mas ninguém sabia o porque. Logo depois entrou o segundo e a ligação foi desconectada. Fiquei desesperada pois não sabia quão perto ele estava, e nem o que estava acontecendo. Fiquei com medo, e se fosse uma guerra? Eu estava no apartamento do meu marido, então namorado, e era no 39 andar e mesmo sendo no Upper East side dava pra ver a fumaça saindo das Torres. Aliás por dias se viu uma nuvem da minha janela.
Não consegui me comunicar com meu marido, a familia dele me ligava e eu não tinha respostas, mas logo ele chegou em casa, assustado, sujo e meio atordoado. Demorou dias pra ele parar de sonhar com a cena do avião batendo na Torre. Poucos dias depois ouvimos um barulho estrondoso e nos abaixamos, pensando o pior, e não era nada. Mas essa era a sensação, de algo podia acontecer a qualquer momento. Fomos no dia segunte no ground zero para doar pizzas e baterias (era pedido na Tv para fazermos isso). O cheiro la era terrível! Cheiro de morte! Fomos doar sangue mas todos os locais para doação já tinham mais do que o suficiente, pois todos estavam doando. Pois é, todos se uniram, doaram sangue, dividiram lágrimas! Uma sencação da verdadeira comunidade. Uma coisa muito forte nos uniram. Não dá pra explicar, mas é como se todos se olhassem e pela primeira vez se viam, sabe. Já faz tanto tempo tudo isso, e ainda está marcado em todos nós. Todos se lembram aonde estavam naquele dia terrível. Acho tão feio aqueles que dizem que os americanos mereceram isso! Fico muito magoada que existem pessoas que possam pensar isso, desejar isso ao próximo. Claro que existem sofrimentos em tantos lugares, tantas vítimas pelo mundo, e eu sinto por todas elas. Mas isso não desculpa esse ato horrível contra o ser humano, e também não justifica ao pensamento daquele que dá com os ombros e diz sem nenhuma compaixão: existe tanta coisa pior no mundo! Espero que a família das vítimas encontrem paz. E o que era para nos deixar mais fraco só nos deu força, pois nos tornou mais humanos.


Carol Guedes: Um ano atrás, estava chegando as 2:am em NY depois de uma semana de férias no Colorado. Estava passando o verão em NY fazendo cursos na Parsons School of Design antes de iniciar meu mestrado no Reino Unido. Cheguei no aeroporto de Newark, depois de HORAS de atraso no vôo. Tive de fazer conexão em Chicago e depois depois de muito custo, consegui que me colocassem nesse vôo que chegou as 2am em Newark, mas minha mala ficou no vôo original (e claro depois de tudo que ocorreu fiquei sem ela por um bom tempo... Peguei um car service para a casa de minha amiga onde passaria a última semana antes de ir para Barcelona. Ela morava na West 13th e 6th Av. Estava um pouco assustada em voltar tão tarde para casa e sem saber se o taxista estava me levando na direção correta.. Me lembro que as torres foram o meu norte, a cada momento que via que estavámos chegando mais perto da torres, sabia que o motorista estava realmente indo em direção a Manhattan. Cheguei e fui dormir. Acordei cedo para fazer uma prova de inglês (TOEFL) e não liguei a TV. Ao sair de casa, levei um susto. TODO mundo na rua olhando em uma mesma direção. Quando vi as duas torres já estavam em chamas. Escutei na rua dizendo que tinha sido um avião que bateu na torres. Minha primeira reação foi, gente que piloto sem noção, e pior o segundo que foi de alguma forma ajudar, também teria se atrapalhado. Mas estando nos EUA, pensei, apesar de TUDO, em poucos dias, eles arrumarão os prédios e tudo estará bem. Não fazia idéia da dimensão do que estava presenciando. De repente comecei a ver vários homens de terno, correndo deseperados, todos sujos de "dusty" com expessão de desespero em seus olhos, não estava ainda entendendo nada. Mas aos poucos minha ficha comecou a cair, estava de fato no meio de um turbulhão. Nessa alturas não tinha como ir fazer minha prova, não tinha táxi, metrô nada, a cidade virou um caos. Como uma boa turista, sempre estava com a minha máquina comigo, e decidi tirar uma foto das torres, quando vi pela câmera, a primeira torre caindo. Não sabia, mas registrei exatamente o momento da queda... nesse momento estremeci e pensei, meu Deus o que esta acontecendo? o que estou fazendo aqui? Quando a 2 torre caiu escutei um novo OHHHHH . (todos na rua com cara de o que esta acontecendo?) Tentei várias vezes ligar para a minha prima que estava trabalhando lá por perto e nada, Até que consegui falar com ela, e fui para casa dela naquele dia. (PS minha amiga estava viajando, estava so na casa dela). Tive de ir andando ate W 89th e cada prédio grande que passava achava que poderia acontecer o mesmo, tudo cair em cima de mim. Por fim cheguei na casa da minha prima e fomos a uma hospital para doar sangue. Para minha surpresa, eles não aceitaram nosso sangue pelo fato de sermos estrangeiras. Naquela noite, escutamos o barulho dos caminhões (gigantes) descendo a cada minuto em direção ao WTC para resgate. O som das sirenes foi o som que escutamos o dia todo. Um pavor. Não conseguia de jeito nehum falar com minha família no Brasil. Todos pensavam que eu ainda estava no Colorado, pois não sabiam que tinha mudado o vôo de última hora. Consegui falar com uma outra amiga que estava no trabalho e pedi para que ela mandasse um email para minha irmã. Os dias que se seguiram foram de puro pavor. No dia seguinte, as manchetes dos jornais, mostravam as pessoas se atirando das torres. Meu Pai, que desespero, imagina o que passa na cabeça de uma pessoa preferiu se atirar lá de cima? Não consigo para de pensar no dessespero de cada uma daquelas vitimas. No dia seguinte, fui para a casa de uma outra amiga que morava na W 7th - Senti que tinhas 2 NY: Todos que viviam em bairros próximos e que conseguiam ver as torres de suas ruas, e a NY lá de cima, onde todos acompanhavam pela TV, assim como o resto do mundo. O acesso fechou da 14th para baixo. Sem metrô, sem carros, sem nada, apenas. O lixo nas ruas se acumulando, o cheiro insuportável, e ainda não tinha conseguido falar com a minha família no Brasil. Fui andando até a broadway e a 28th, para comprar um celular. Quando estava na loja outro momento de desespero. Todos falando para evacuar, que tinha uma bomba no Empire States. Gente, nunca antes na vida tinha sentido isso, um MEDO enorme, um sentimento de fim. E meu voo para barcelona, tudo cancelado, tudo que eu queria era sair daqui, o mais rápido possível. Resumindo, o primeiro vôo internacional que saiu do JFK foi o meu, para Barcelona. Outro momento de medo, mas tudo correu bem. Ao chegar em Barcelona, estava literalmente em outro mundo. Apesar de todos falarem e acompanharem o que tinha acontecido, nada, nem de perto, a tristeza, o medo, a insegurança dos que estavam aqui naquela manhã. Um ano depois dos atentados, estava em Londres, em uma conferência de telecom, e o palestrante falava sobre o poder dos celulares (e sem noção do público que tinha na platéia, comecou a usar exemplos de como o uso do celular tinha sido relevante naquele dia. Fiquei passada, sempre fico quando me lembro daqueles dias. 

Rosa Carvalho de Freitas - Eu também estava ! Aqui exatamente em frente, mas do outro lado do Hudson. Ainda me lembro das pessoas pulando dentro dos barcos para tentar escapar. Foi horrível ! Ninguém sabia o que estava acontecendo. Durante semanas a gente via pedaços das torres que apareciam nas margens do Hudson. A Paula V. lembrou bem do clima que ficou...um silêncio...o ar com um cheiro pesado...e tudo cinza...
Fernanda Amaral Couto - Eu também estava. Meu marido estava conversando com um dos brokers da Cantor Fitzgerald e ouviu os caras gritarem "fire, fire" e ficou tudo em silêncio (morreu absolutamente todo mundo da corretora pois o primeiro avião bateu no andar deles), muitos amigos dele do mercado conseguiram escapar, no entanto. Ele teve que evacuar o prédio do banco porque é perto de Times Square e depois voltou a pé pra casa que na época era no brooklyn (ele andou por 7 horas). Depois que as torres caíram, parecia que estava nevando mesmo com aquele céu azul, eram as cinzas dos prédios. Ele conta uma cena de todo mundo andando para o norte da ilha depois de terá que evacuar os prédios comercias em Times Square (porque ninguém sabia se os aviões ainda sequestrados iam para lá) e ele diz que era um mar de gente andando sem trocar uma palavra. Tudo silencioso.
Monica Mello de Castro- Eu me lembro que estava descendo a 6th Avenue, e passei pelo hospital St Vincent se não me engano, e via um monte de macas prontas do lado de fora, esperando chegar os feridos. Mas não havia feridos... não chegava quase ninguém... era triste.
Caroline Chevalier Giffoni- Eu nunca vou pra cidade nesse dia, não estava aqui em 2001, mas em 2006 eu estava voltando da fac pra casa (morava a 2 quadras do ground zero) e passei por lá a pé, o clima tava tão pesado e uma sensação de perda tá grande que eu comecei a chorar descontroladamente, tive que ligar para o marido e conversar com ele até chegar em casa. Foi muito forte e desde então eu evito passar perto no dia 11. Tava falando disso com meu marido ontem. Depois de 10 anos, isso não se apagou e nem vai. Foi um evento que marcou uma geração, quem estava aqui jamais vai esquecer isso e quem chegou depois (como eu) e "pegou amor" pela cidade, isso tudo toca fundo e parece muito absurdo. Minha cunhada estava fazendo NYU na época e sempre conta que a roommate dela entrou gritando no quarto, falando que estavam sendo bombardeados e que nas semanas seguintes, quando passava caminhão de bombeiros, as pessoas paravam na rua e batiam palmas. Toda vez que lembro dessa parte do relato eu me arrepio.
Paula A. Moreira- A brasileira Sandra Fajardo Smith, que morreu na Torre Norte do World Trade Center durante os ataques do 11 de Setembro de 2001. Juntamente com a mineira de 37 anos, o governo brasileiro reconhece como vítimas dos atentados os paulistanos Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, de 30 anos, e Anne Marie Sallerin Ferreira, de 29 anos, que eram colegas de trabalho no Banco Cantor Fitzgerald, no 105º andar da Torre Norte. A morte do capixaba Nilton Albuquerque Fernão Cunha não consta na lista oficial do consulado brasileiro nem da prefeitura de Nova York porque, segundo o Itamaraty, a família não enviou amostras de DNA para confirmar sua identidade.
Marcia Crivorot - Caroline, marcou mesmo. Eu morava na época em Porto Rico, meus filhos tinham 10 e 8 anos. O espaço áereo fechou, minha internet caiu, telefone não funcionava. Meu marido estava em Dallas a trabalho e estaria voando de volta, acabou ficando preso lá por dias. Minha filha que agora tem 20 anos disse que ficou tão impressionada com o trabalho dos bombeiros daqui que está fazendo uma coisa que sempre teve vontade: o curso para ser voluntária dos Fire Fighters.
Ticiana Rocha - Eu conhecia também a Anne e o Alexandre, seu marido. Ela foi da turma de trainee de um banco em SP com o meu marido...sem dúvida uma tragédia! Penso muito naqueles que perderam alguém próximo no ataque e na dor que deve ser assistir os aviões entrando nas Torres..sinto uma angustia, uma agonia, sei lá muito triste mesmo..
Elaine Giurato - Sempre morei em Jersey, mas como muitos na minha área, conhecia pessoas queridas que faleceram no atentado, foram dias e histórias muito tristes. O marido de uma amiga trabalhava na Cantor, e estava no celular com ela descendo as escadas, tranquilo, no 54 andar, quando a torre dele caiu, foi a primeira. Ela trabalhava do outro lado do rio, de frente pra janela dele. Tudo foi um horror, uma tragédia imensa, foram dias apáticos. Conheco pessoas que ficaram muito mal piscicologicamente depois. Mas o que mais me machucou foi ver reações negativas de pessoas no Brasil falando que era bem feito para os Estados Unidos, e eu vi gente. Aqui o desespero, medo, eu indo a memoriais de amigos que a família não teve a chance se velar e se despedir e ainda ver pessoas com esta falta de humanidade, isto me destruiu.
Angela Stewart - Nossa, meninas, esse tópico é emocionante e triste. Eu também na época trabalhava na 57th com a Park Ave e quando entrei no meu escritório, a recepcionista me disse que parecia q um helicóptero tinha batido em uma das torres, depois ela me ligou para dizer que era um avião pequeno e em 10 minutos era um BOING. Nós não tínhamos TV para saber de nada e a sorte é q eu tinha um radinho e a empresa inteira veio para minha sala para ouvir as notícias. Eu estava morando aqui há apenas alguns meses, então não entendia quando todos se desesperavam falando que era terrorismo. Nosso prédio foi evacuado e saímos na rua FANTASMA. Não tinha um carro, ônibus, nem taxi. Fomos andando até a casa de um amigo no UWS, quando paramos no mercado para comprar comida... Foi uma loucura, correria total!!! Quando chegamos na casa dele, ligamos a TV e não acreditamos quando o helicóptero filmava, mas a gente só enxergava um prédio... Nós não vimos que ele havia DESABADO, foi um choque! Consegui voltar para casa no final da tarde por sorte, pois moro no Brooklyn. Ufa, duro relembrar.

Wednesday, September 7, 2011

A Festa Bombou!






"Esse ano, a festa vai bombar" foi a promessa de João de Matos, promotor/proprietário do Brazilian Day de Nova York, feita no comercial de TV que promoveu a 27º edição do show.
Promessa feita, promessa cumprida.
Mais uma vez a Sexta Avenida ficou colorida, pintada de verde-amarelo.
Em vários momentos a emoção tomou conta do público. O cantor baiano Netinho, acostumado a fazer sua platéia pular ao ritmo do axé, dessa vez a fez chorar com a interpretação do hino nacional. Além das lágrimas de saudade, as homenagens arrancaram lágrimas de emoção. A maior delas ficou por conta da brasileira Heloisa Assaro. O marido de Heloisa era bombeiro e morreu trabalhando no dia dos atentados às torres gêmeas do World Trade Canter. Heloísa agora luta contra um câncer nos ossos. Um minuto de silêncio lembrou os dez anos dos ataques de 11 de setembro.
Foram alguns minutos de reflexão em um dia festivo.

A cara do Brasil

A apresentação da festa esse ano foi do global Serginho Groisman.
Ele recebeu alguns convidados especiais, como o ídolo do esporte brasileiro Gustavo Kuerten, o Guga, que assistiu aos shows no camarote do Banco do Brasil/BB Remessa.
Quem abriu a parte musical foi o Exaltasamba. O grupo comemora 25 anos em 2011 e já anunciou que vai "dar um tempo" a partir do ano que vem, mas mostrou a energia de quem está começando. Cantou sucessos do próprio Exalta e de outros compositores. Quando mandou a primeira frase de um sucesso de Jorge Ben Jor, "moro, num país tropical", fez o público se sentir em casa. O som e o calor de Nova York transportaram muitas mentes para o Brasil.

O novo Brazilian Day

Luan Santana é ainda garoto. Chega a ter uma aparência até frágil. É amado pelas meninas e, mais do que o ecerramento da festa, foi responsável por fazer história no Brazilian Day. Nunca o festival atraiu tantos jovens. Enquanto o menino prodígio  de Campo Grande cantava, o telão no fundo do palco mostrava o público e, claro, as garotas chorando e gritando o tempo todo.
Muita gente pode até não gostar do estilo musical de Luan Santana, mas, no show dele,  foi  maravilhoso saber que o amor pelo Brasil está garantido do futuro.
Agora, é esperar o Brazilian Day de Nova York do ano que vem para ensinar de novo ao mundo como se faz uma bela festa.

*Enviado pela assessoria de imprensa do evento